Psicóloga Bruna Ortiz – CRP 07/24073
O nascimento de um bebê, na maioria dos casos, é muito esperado. As mães sonham com ele a todo momento, se planejam, leem revistas, assistem vídeos, entram em grupos de mães e conversam com outras pessoas mais experientes, consultam médicos e até outros profissionais para que, no momento em que o bebê estiver chegando, todo mundo esteja minimamente preparado. Com isto, na teoria já é possível saber sobre como dar banho, ou segurá-lo da forma mais segura; quais são os estímulos necessários para que ele fale ou caminhe. Algumas pessoas estarão cientes do que fazer se ele tiver cólica ou mesmo se engasgar. E são tantas as possíveis situações imaginadas que, se pudessem dar conta, estudariam tudo ao longo da gestação para estar plenamente preparados para o momento da chegada dessa criança. E mesmo assim existem surpresas ao longo da vida, pois nem sempre as coisas ocorrem conforme o script.
Talvez, seria muito fácil, se todos fossem como robôs, cujos manuais apontam o que se deve fazer e nada foge à regra. Mas quando aquele bebê chega no ambiente percebe-se que ninguém estava preparado o suficiente, e nada melhor do que a prática do cuidado diário para elevar a segurança destes pais. Em cada fase a criança demanda uma atenção e estímulos distintos, onde a relação afetiva será primordial para desenvolvimento do vínculo tão necessário para a vida.
Assim o ser humano vai se desenvolvendo: quando bebês vêm os primeiros contatos com os pais e familiares. Na primeira infância vem o primeiro amiguinho; em seguida, o primeiro dia de aula. Num salto passam a ter outras referências na vida – também fora de casa; surgem as primeiras frustrações, as brigas, as derrotas e as vitórias. Apesar de tudo, o que acontece na infância está sob o controle dos pais e eles (só) precisam ouvir, falar, acalmar e ensinar esta criança.
Mas o tempo não brinca em serviço e o pequeno ser continua crescendo. E eis que surge a temida ADOLESCÊNCIA.
Esta é a etapa dos choques e dos muitos embates e discussões; lutas por direitos e pela independência. E os pais, muitas vezes, só faltam perder todos os cabelos de tão confusos que ficam. Muitos não reconhecem mais a própria cria. É até possível imaginar algumas mães falando: “esse menino parece outra pessoa” ou mesmo “como pode uma pessoa mudar tanto”. Sendo assim, aquele bebezinho tão fofo e esperado parece ter se transformado em outra criatura.
Contudo, neste momento o seu bebê se encontra na fase da curiosidade, das descobertas, dos muitos hormônios. E apesar de toda impulsividade e rebeldia, continua necessitando de seu apoio e orientação. Se já é difícil para um adulto lidar com as muitas alterações de humor que sofrem ao longo do dia imagina só um adolescente! Ele chegou num difícil período da vida, onde precisará tomar inúmeras decisões, lidar com todo o corpo que está se modificando juntamente com seu cérebro ainda em desenvolvimento.
Você sabia que pesquisas na área da neurociência e neuropsicologia indicam que o cérebro do adolescente ainda não está totalmente formado, sendo este um dos motivos que o leva a (re)agir de forma impulsiva e depois se arrepender? Mas claro, nem tudo é por culpa dos hormônios!!
Nessa importante fase está sendo formado o jovem adulto e aqui ele ainda precisa de auxílio para crescer; segue necessitando do carinho e atenção de suas referências seguras. Precisam de suporte e de um ambiente seguro para onde possam retornar. Ou seja, mais do que nunca, o adolescente carece da compreensão e habilidades necessárias, daqueles que o viram crescer, para ajudá-lo na administração dos dilemas apresentados por ele.
O que fazer quando o filho chega na fase da adolescência?
Insistir em estar próximo é uma ótima forma de ajudar ao seu filho. As expressões de afeto em público passam a ser “uma vergonha” para eles, pois querem se afirmar para os pares e mostrar independência. Entretanto, os momentos da família onde brincam, conversam, fazem refeições juntos e buscam programações de lazer para seguir desenvolvendo os vínculos, auxiliam na manutenção de cada papel (de pai, de mãe e de filho). É também por intermédio destes pequenos e constantes momentos que surgirão a oportunidade de você (pai/mãe/responsável) demonstrar os seus afetos por ele, como também expor os limites necessários para protegê-lo e ensiná-lo para a vida.
Lembre-se de que aquela mãe e pai que acalmam o seu bebê, nos anos iniciais da vida, possuem o mesmo potencial para instruir o filho adolescente. Para isso é indispensável reconhecê-lo na fase específica que se encontra em seu desenvolvimento. E por fim, sigam firmes na certeza de que ainda devem continuar investindo no seu filho, procurando a ajuda necessária para apoiá-lo conscientemente ao longo da caminhada até a chegada de uma vida adulta saudável. Além de tudo, saiba que, mesmo diante das rebeldias, é de você que seu filho precisará. Sempre.