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SUICÍDIO: Quando a dor é insuportável e a solidão intoxica

Psicóloga Bruna Ortiz – CRP 07/24073
Quando o azul do céu não mais chamar atenção, ou o canto dos pássaros deixar de encantar com a ‘doçura da sua melodia’ e no coração apertado pulsar um ritmo ensurdecedor, a vida parece não mais fazer tanto sentido. De jovens a idosos, independentemente da cor da pele ou mesmo de classe social, no momento em que a dor se torna insuportável e a solidão intoxica, liga-se um sinal de alerta.
“(…) Eu não tenho força de vontade para continuar. Eu não sou forte, eu não consigo seguir em frente sem derrubar mais uma lágrima. (…) O ser humano vai guardando isso dentro de si até formar uma grande bola prestes a explodir. Você pode ver uma pessoa sorrindo, parecendo feliz, mas não se engane, sempre há coisas além. Por isso somos cegos. Nunca vemos além”. ¹

Um depoimento tão forte assim ainda pode causar estranhamento em muitas pessoas, rejeição ou talvez até negação. Além disso, muitas pessoas não lidam de modo adequado com as suas emoções. Por exemplo, alguns se definem como deprimidos, quando na verdade tem uma tristeza passageira e que pode ser sanada tranquilamente. Mas a dor causada pela depressão é algo mais drástico, não é tão simples e tranquilo de se viver. Da mesma forma é muito comum encontrar pessoas deprimidas que não se dão conta de que necessitam de ajuda, de um tratamento.
O que se pode afirmar, considerando a experiência clínica é que há uma grande complexidade para compreender o comportamento suicida. Existe um conjunto de fatores que ajudam a traçar a situação de vida, o sofrimento que a pessoa carrega e, por isso, a busca pela morte. Há aspectos emocionais, psiquiátricos, religiosos e socioculturais. Há uma série de sentimentos envolvidos tais como a culpa, vergonha, tristeza, raiva, impotência, desesperança e tudo isso como sinais de uma dor impalpável.
O que leva uma pessoa a tentar o suicídio?

Entende-se que existe um desejo de evadir-se de algo intolerável. O querer livrar-se de uma angústia tão profunda que não se sabe mais como resolver. A sensação de que não há nada mais a ser feito gera muito mal-estar. Assim, a única alternativa que (parece) restar seria a morte. A pessoa com pensamento suicida está passando por um intenso sofrimento mental que altera fortemente a sua percepção da realidade. Deste modo, quando há uma abertura para falar sobre o desespero da dor, diminui-se o risco do suicídio. Pois, quando bem acolhido em suas necessidades, alivia-se a angústia e a tensão que os pensamentos suicidas trazem.
Como sei que uma pessoa tem risco de cometer o suicídio?
A pessoa pode manifestar por diversas formas a sua intenção de acabar com um sofrimento insuportável, ou mesmo claramente acabar com a vida. Dá sinais importantes de que não está bem e que precisa de ajuda. Muitas vezes a fala se dá de modo inconsciente, ela não se dá conta que está declarando algo grave, pois seus pensamentos estão voltados para a intensidade da dor existente.
O isolamento é uma pista também. A solidão é um aliado para quem pensa em se matar.
É importante ressaltar que diante deste cenário é torna-se necessária a avaliação de um profissional, pois, é uma situação delicada e que demanda um olhar clínico. Há estudos que relacionam o suicídio a transtornos mentais, contudo, isto nem sempre ocorre. Nem todo deprimido se suicida e nem toda pessoa que se suicidou estava deprimida.
O que fazer quando percebo que alguém está pensando em se matar?

  • É importante tratar a pessoa com atitude de acolhimento, de forma respeitosa e compreensiva;
  • Mostrar que se importa é um grande passo para ajudá-la a perceber que tirar a própria vida não é a solução para acabar com os seus problemas;
  • Ouvir com paciência e não fazer comparações pessoais;
  • Não deixá-la sozinha;Indicar, ou ir com a pessoa, num profissional da área da saúde mental: psicólogo ou psiquiatra;
  • É importante atentar-se para qualquer alteração emocional sem motivos claros e também para o tempo de duração;
  • Buscar orientação de um profissional capacitado em postos de saúde, clínicas e até mesmo hospitais. Falar ainda é a melhor opção!
  • Não tenha medo de oferecer ajuda;
  • Não tenha medo de buscar ajuda.
Para mais informações, entre em contato conosco.
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¹ http://www.acainews.com/jovem-se-suicida-e-choca-o-brasil-com-carta-deixada/
Ministério da Saúde. – Brasil. Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio. Prevenção do Suicídio Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Unicamp.
Conselho Federal de Psicologia. O Suicídio e os Desafios para a Psicologia / Conselho Federal de Psicologia. SORAYA CARVALHO RIGO. Suicídio: uma Questão de Saúde Publica e um desafio para a psicologia clínica. Capítulo III. Brasília: CFP, 2013.

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