Psicóloga Bruna Ortiz – CRP 07/24073
“No período que antecedia a minha apresentação do trabalho de conclusão de curso começou a bater aquele pavor. Meu coração acelerava só de pensar no dia da exposição. Não queria sentir aquilo, desviava meus pensamentos e até evitava pensar em treinar a minha fala!! Insegurança total. E o medo de errar ou não me lembrar de tudo o que levei tempos pesquisando… Falar em público não é comigo. Daí eu pensava: E se no momento alguém me fizer uma pergunta e eu não souber responder?”
Seja para apresentar um trabalho na escola ou encarar uma entrevista de emprego, todos já sentimos aquele gelo na barriga só de pensar no que estava porvir. Isso é um sintoma da famosa ansiedade, que é muito conhecida como uma emoção que traz desconfortos sempre que nos percebemos ameaçados por algo. Apesar disso, ela também nos prepara para enfrentar a situação e emitir comportamentos que reduzam ou previnam a ocorrência do “perigo”. Sendo assim, ela é muito necessária para nossa integridade física e psicológica.
Pode ser percebida por manifestações fisiológicas ou corporais (taquicardia, suor, tremores, tensão e calafrios). Sintomas cognitivos (medo de perder o controle, de ser machucado, da avaliação negativa dos outros; dificuldade de raciocínio ou de “branco na cabeça”. Há também as manifestações afetivas (sensação de insegurança, nervosismo, preocupação, impaciência, irritação, dentre outros). Somando-se a estes, as manifestações comportamentais, comuns para diminuir o desconforto provocado pelos anteriores (fuga ou esquiva da situação, dificuldade para falar, congelamento, inquietude, insônia, pensamentos acelerados, dentre outros).
O que nos deixa ansiosos?
As reações emocionais de ansiedade podem ser influenciadas pela forma que se interpreta uma determinada situação. Segundo Beck, Emery e Greenberg (1985)¹, a ansiedade é uma resposta provocada pelo medo, sendo este a avaliação de perigo. Ambos envolvem uma orientação ao futuro, e invariavelmente nos vemos tomados por questões do tipo: “Mas e se…?”.
Observe os exemplos abaixo e os possíveis pensamentos acionados:
– Ao ver um cachorro correr em sua direção: “E se ele me morder? E se eu ficar toda machucada?”;
– Ao ver alguém estranho vir em sua direção: “E se ele me assaltar? E se ele me machucar? E se ele estiver armado?”;
– Provas de vestibular, ENEM, concursos: “E se eu não passar? Terei que estudar tudo de novo por tanto tempo. E se as pessoas falarem de mim? Vou ter que ficar mais um ano sem trabalhar.”
Pensamentos como estes podem aparecer e ser um ponto de apoio para iniciar uma organização e, assim, prevenir desfechos ruins. Mas claro, alguns resultados não dependem de você.
O que fazer diante de situações que nos geram ansiedade?
Durante toda a vida haverá situações que nos deixarão ansiosos, e fugir da situação certamente irá aliviar a sensação, mas pode não ser a forma mais efetiva para lidar com a causa da sua ansiedade (desde que não seja uma situação de risco para a vida, é claro). Algumas estratégias comportamentais podem auxiliar na redução dos sintomas de ansiedade, momentaneamente. Umas são mais comuns, como preparar-se antes do evento (treinar para a apresentação do TCC; estudar para uma prova; ensaiar a música que vai cantar; treinar as falas para uma conversa importante ou entrevista, etc.).
Existem técnicas simples, porém efetivas, como o exercício de respiração profunda e relaxamento, muito realizado por artistas, músicos e instrumentistas para relaxar antes de alguma atuação. A técnica pode ser realizada conforme esta descrição: com os olhos fechados, inspire lentamente pelo nariz e solte o ar pela boca.
Sinta os pulmões se enchendo com este ar e perceba-os se esvaziando. Repita isto até notar que seus batimentos cardíacos estão desacelerando; seus músculos estarão mais relaxados e o seu cérebro oxigenará mais, o que pode diminuir a sensação de branco na cabeça. A ansiedade será controlada, mas não zerada, pois o seu corpo precisará dela para os próximos passos (falar, correr, resolver algum problema, etc.). A partir disso, faça aquilo que você deve e pode fazer para enfrentar a situação futura.
E quando a ansiedade passa a ser um problema?
Apesar de ser uma emoção necessária para a emissão de comportamentos, a ansiedade passará a ser um problema quando começar a trazer prejuízos para a vida e causar paralisia diante das ditas situações de perigo (podendo este ser real ou intensificado pelos pensamentos).
Resumidamente, um psicólogo ou psiquiatra diagnosticam através de características constantemente presentes e intensificadas num mesmo indivíduo. Tais como: alarmes falsos (medos e ansiedade derivando de uma avaliação errônea de perigo); o funcionamento social e ocupacional diário prejudicado, levando a interferência negativa na rotina; apreensão elevada, estado de alerta constante e perspectiva sempre voltada ao futuro; hipersensibilidade a estímulos causadores de medo (por exemplo, alguém que tem fobia de aranha, ao ver uma teia desespera-se). Quando essas características estão presentes o quadro pode ser definido como Transtorno de Ansiedade, e requer um diagnóstico e tratamento adequados.
As famosas “borboletas no estômago” podem te ajudar a lembrar da importância de se preparar para aquilo que te traz responsabilidade, e isso pode ser visto como algo bom. Entretanto, os casos de ansiedades intensas podem ser vistos em psicoterapias, onde os pensamentos desproporcionais e os fatores ansiogênicos serão trabalhados juntamente com o
psicólogo. Ao identificar maiores dificuldades relacionadas a sua ansiedade entre em
contato. Nós podemos te ajudar!
¹ Clark, David A. Ansiedade, uma condição comum, mas multifacetada.In: Terapia cognitiva para os transtornos de ansiedade. Capítulo 1. [recurso eletrônico]: Ciência e prática/ David A. Clark; Aaron T. Beck. Tradução: Maria Cristina Monteiro. Revisão técnica: Elisabeth Meyer. Porto Alegre: Artmed, 2012.
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